quarta-feira, 11 de maio de 2016

A minha filha é uma desportista nata!!!
Na TV passa uma reportagem sobre os peregrinos de Fátima, em que o rodapé menciona qualquer coisa sobre caminhadas.
- Mãe, quando for grande tb vou fazer aquelas caminhadas.
- Sim? Então, parece-me boa ideia.
- É longe?
- Sim, é um bocadinho.
Silêncio.
- Mãe, é a pé?
- Sim, filha, caminhadas são a pé!!
- Ah, então, tenho que ir ao colo do meu marido!!!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Amamentação, na óptica do utilizador (ou antes, do fornecedor)


Quando as minhas filhas nasceram, passado pouco tempo, meti-as à mama. Correu bem. Com as duas. Mamaram o tempo que lhes apeteceu e ali ficámos as duas, naquele momento tão nosso, independentemente das inúmeras pessoas que circulavam à nossa volta. Alheámo-nos, criando um laço. Eu, embevecida com a beleza de cada um daqueles serezinhos minúsculos que crescera dentro de mim e, ainda há momentos atrás carregava no ventre e já agora ali estava, a aspirar o mundo através daqueles olhos enormes que ambas tinham; aliás a única coisa enorme que ambas tinham! Elas, provavelmente assustadas perante a imensidão do que acabara de lhes acontecer, a procurar consolo em mim, o único cheiro familiar.

Passadas algumas horas do seu nascimento, pedi que ma trouxessem. Via-a, de olhos abertos, choramingando, a perscrutar tudo ao seu redor; não sei se ansiava por mim, ali, solitária naquele berço de plástico, mas eu, de ventre rasgado e vazio, assim, despojado dela em minutos, ansiava pelo seu toque, o seu cheiro, o seu calor. Se calhar, vou ver se quer mamar.

Alto lá!Mamar? Já? Então mas a que horas deu de mamar? Há quanto tempo foi? E quanto tempo mamou? Isso é assim? Dá-se de mamar sem mais nem menos?

Ah, eu pensava que sim! Que se dava de mamar "sem mais nem menos"; sacava-se da mama, pegava-se na criança e, sem mais nem menos, dava-se de mamar. Se ela quisesse, pois claro! Se não quisesse era porque não tinha fome. Pois diz que não. Afinal tem que se esperar, no mínimo 3h. Senão é dieta.  Depois, é que pode mamar. E, claro, tem que se ver que horas são. Tem que se cronometrar quanto tempo mama, porque a vida é mesmo assim e hoje em dia cronometra-se tudo. Pois claro, estupidez a minha. Chegue-me o telemóvel, para ver as horas sff..

Muda-se o turno. Então, como passou a menina? Mamou bem? pegou bem na mama? Já mamou há quase 3h? Alto lá!! Então uma menina tão pequenina, com tão pouco peso, não pode ficar tantas horas sem mamar. Tem que oferecer ao fim das 2h.

Ah, pensava que não... Que era ao fim de 3h, no mínimo.Pois claro que não. Se a criança é pequena não pode estar tanto tempo sem mamar. Acorda-se e dá-se mama. Pois claro, estupidez a minha.

Alto lá! Então a menina está a dormir e vai levantá-la? Ai que grande asneira! Não se acorda um bebé para mamar! Quando tem fome ele acorda!

Ah, pensava que tinha que se acordar... Para não passar muito tempo. Porque os bebés assim, pequeninos, como a minha têm que mamar muito. Muitas vezes. Pois claro, estupidez a minha. Deixa-se dormir. Claro que sim.

Alto lá! A menina perdeu peso! Mamou a que horas? Quanto tempo mamou? Isso foi há quanto tempo? Tire leite. Esprema as mamas. Temos que ver quanto mama. Vamos dar suplemento.

Ah, mas eu pensava que (quase) todos os bebés perdem peso. Que é normal. Que só quando é excessivo é preocupante. Vamos lá oferecer suplemento. Cerra os lábios filha. Cerra os lábios.

Alto lá! A menina não quer? Você estará a fazer isso como deve ser? venha lá ao quadro que vamos avaliar! Dou eu que sou perita.

(...)

ALTO LÁ!!
Afinal, isto de dar mama tem muito que se lhe diga. Não é instinto natural, como julgamos. Tem regras, muitas regras; mais do alguma vez eu ou as minhas filhas pudemos supor. E, confesso-vos já aqui, tivesse este cenário ocorrido com a minha filha mais velha e a amamentação tinha ficado logo, logo por ali!

Nos dias de festa...



Nos dias de festa convidamos todos a quem queremos bem. Aqueles de quem gostamos e que queremos ter ao nosso lado. Podemos até não estar sempre juntos, mas se são importantes, queremo-los connosco! Vale a pena! Partilham-se as boas notícias, os momentos mágicos, a alegria!

Então e nos dias mais tristes, menos bons?
Não fazemos convites, porque os tempos não são de festa. Mas, embora muitas vezes o desejo seja embrenharmo-nos desesperadamente na solidão, são de partilha.

E, afortunados somos nós, se temos aqueles a quem queremos percebem isso. Se estão presentes para nos dar um abraço. Só um abraço, apertado, sem palavras, porque pouco importam as legendas, mas sim as imagens, os toques. Afortunados somos nós se, na solidão temos um ombro que partilha connosco a festa mas, sobretudo a tristeza; porque é na tristeza que se se vai percebendo quem fica. Quem deve ir. Quem devemos manter.

domingo, 6 de março de 2016

A inocência perdida às mãos de um pequeno déspota



(imagem retirada da net)

Recordo-me, quase que ironicamente, de, aquando da minha primeira gravidez, ter feito planos para o decurso da minha licença de maternidade; mesmo agora, com o distanciamento que o tempo e a experiência nos concedem, não consigo perceber se era inocência, esperança ou estupidez pura! :)

Não fiz grandes planos, mas, vivendo uma gravidez que implicava uma viagem diária de 140 km, os mesmos incluíam descanso, passeios e todas essas coisas relaxantes que qualquer pessoa com um recém nascido em casa, obviamente, pode facilmente fazer (or not)!! 

Não, eu não vivia noutro planeta! 

Sabia perfeitamente que os bebés dão (muito) trabalho, que mamam como uns bezerrinhos esfomeados, que sujam fraldas a cada mamada (às vezes antes e depois!), bolsam, sem querer saber se já estamos prontinhas para sair de casa ou que sejam 4 horas da manhã, (e lá temos que mudar toda a parafernália de bodies e calcinhas, apertando e desapertando molas minusculas que parecem ficar ainda mais complicadas a cada guinchadela que a cria solta no decurso do processo), que choram, quando sentem fome, a fralda suja, má disposição, cólicas, sono e mais uma infinidade de coisas. Eu sabia disto tudo! A sério que sabia, mas, achava eu, na minha inocência (desmedida, pois claro!), que eles dormiam na mesma proporção de que faziam todas essas coisas.. Erro meu!! 

Na verdade, meu e daquele que terá dito a célebre (e tão errónea!) frase "dormiu como um bebé"! Raios, como é que alguém nos pode enganar tanto, durante toda uma vida?! "Ah, e tal, dormiu que nem um bebé!" A pessoa assume que, no final de contas, os bebés dormem muito! E mais, assume que dormem bem! 

E de seguida somos brindados com um bebé que dorme pouco e mal..

Pronto, se calhar o erro foi do meu bebé, talvez mal configurado, mal formatado ou coisa que o valha (filha número dois, vê lá se desta vez vens devidamente configurada !).. E, num ápice vão-se todos os planos de qualquer espécie de relaxamento. Assim, de uma acentada só, que é para não haver mais ilusões e inocências, às mãos de um serzinho minúsculo, que acaba por se revelar um verdadeiro déspota controlador, mas que, ainda assim, numa relação de amor doentio, amamos mais a cada dia! 

terça-feira, 1 de março de 2016

Ter o coração fora do peito...



Pensei várias vezes no título deste post e, ainda que seja quase um lugar comum, a verdade é que nenhum outro me pareceu mais adequado.
Ser mãe é, de facto, na minha óptica (de utilizadora!) andar com o coração sempre nas mãos!

Isto poderá parecer um exagero, ou até demasiado pessimista, e assustar aquelas que ainda não são mães, mas é assim que o sinto. Não quero com isto que pensem que não me sinto feliz no meu papel de mãe, longe disso; é, de todos os papeis que tenho desempenhado ao longo da vida, aquele que mais me preenche e mais me completa, mas é também o mais difícil. Não há deixas, não há contraponto, não há santo que nos acuda!
Tudo o que fazemos é sem rede, sem preparação, sem certezas.. Não há segundas oportunidades, não há ensaios possíveis, não há formulas definidas nem poções mágicas que resolvam todos os males! Nem tão pouco um raio dum livro de instruções, daqueles só com imagens, que nos possa facilitar a tarefa e garantir que estamos a fazer a coisa bem! Ou uma espécie de mapa do tesouro, também servia. Mas não, não há nada. Nem um único facilitador. Sai-nos tudo do couro e muitas vezes bem sofrido...

Devo confessar, que às vezes me sinto um bocadinho traída por todas as outras mães (incluindo a minha!); então como é que em tantos anos ninguém nos explica, ninguém nos conta a verdade sobre isto?!

Porque é que ninguém nos diz que há tantas noites sem dormir, tantas fraldas para mudar?? Como é que ninguém nos avisa que aquilo do sono de bebé, só pode ter sido dito por alguém nunca teve um bebé??
Como é que ninguém nos disse que a seguir ao parto vêm as cólicas, e depois disso os dentes, e de seguida os primeiros passos trazem as quedas, e depois é o desfralde e após isso as birras e so on, so on...


Eu devia ter desconfiado, quando enjoei nove meses (pronto, estou a exagerar, num caso foram só cinco e no outro oito - mas só porque ela nasceu antes da hora! ) e percebi que a gravidez, sendo um estado de graça, também o era de desgraça!

Porque é que ninguém nos avisou que vamos amar tanto aquelas criaturinhas minúsculas que nos vai custar dar um passo sem eles? E não é porque eles chorem ou sintam a nossa falta! Somos nós, adultos responsáveis e bem resolvidos, que vamos chorar que nem desalmados assim que os entregamos nos braços alheios..

Como é que nenhum médico classificou ainda estes casos, gravíssimos, em que o coração das pessoas passa a andar fora do seu peito e, ainda assim, continuamos vivas; aliás, estamos mais vivas do que nunca!


O Natal


Julgo que, em criança, o vivenciei da forma inocente que hoje vejo nos olhos da minha filha, com a mesma alegria, com magia semelhante. Se fechar os olhos, juro que consigo sentir o cheiro a resina espalhar-se pela casa logo que o meu pai, ao cair da noite entrava com o símbolo do espirito natalício. Recordo as bolas, as fitas, os chocolates. Do presépio, relíquia de família, há muito recebida pela minha mãe e tia, sobreposto em veludo verde, a imitar o musgo. Do sapatinho colocado a chaminé, para que, no dia seguinte, ansiosa, abrisse a lembrança lá deixada por um menino que nunca vira.

Pouco me importa, agora, que fossem crenças, mentiras até, porque me permitiram ser muito, muito feliz!

Se mais tarde, na minha vida o espirito natalício se apagou, a verdade e que voltou a renascer, com o brilho dos olhos de uma criança, com a alegria das suas gargalhadas! Para te proporcionar momentos únicos, de deleite, de felicidade, minha filha!

 Love u!
To the moon and back!
Over and over again

Dezembro, meu Dezembro


Dezembro e o meu mês. Do meu aniversario, de iniciar o MEU ano novo. Por isso Dezembro sempre foi, para mim, altura de balanços, de reflexões. De ponderar, de decidir, de reflectir, de recuar, de avancar, ate de retroceder. Em Dezembro e como se iniciasse um novo caderno, limpinho, cheio de folhas, lisinhas, com aquele cheirinho inconfundivel a novo, pronto a escrever, a encher de coisas bonitas!

Dezembro tem cheiro a Natal, a familia.
Tem cheiro a resi
na, que chegava, a boca da noite, pelas mãos do meu pai, pronta a encher a casa e a ser decorada com chocolates.
Tem cheiro a popias, fritas e reboladas em açúcar e canela. Tem cheiro as filhós de que não gosto. 

Tem cheiro a ansiedade de descobrir no sapatinho o miminho deixado por um menino Jesus, que dormitava nas palhinhas do presépio que hoje protejo religiosamente.
Tem cheiro aos meus avos, com a vida tem sido tao dura. Tem cheiro aos meus queridos tios avos, que já se foram e de quem guardo tao boas recordações.
Tem cheiro a magia, a inocência... Perdida.

Dezembro tem, hoje, cheiro a esta inocência, que se recria nos olhos da minha filha, por quem voltei a descobri a magia, a quem espero cultivar a inocência! Dezembro continua a encher.me o coração!